Eis-me aqui mais uma vez a beira do meu próprio abismo, sentindo com os ossos, o que meus velhos olhos cansados não conseguem ver. Meu antigo amigo, e uma de minhas fortalezas secretas, o Vento.
Esse mesmo vento que destroi é o mesmo que me constroi tantas e tantas vezes. O mesmo vento? Não, não pode ser o mesmo pois ele é livre, passageiro, enérgico e inerte. Me faz voar, acalmar e enlouquecer. Nem mesmo eu, sou a mesma ao voltar ao abismo, pois sempre que retorno, vejo com outros olhos o que me espera entre as pedras.
Desculpe mas não sou a terra para que possa guardar-me, nem mesmo a água. Sou apenas vento, brisa e ventania. Aquela que te faz viajar e enlouquecer, e conhece o que é ser inconstante e que quando deseja parar, transforma-se em brisa, mas nunca morre, pois não pode ser guardada para sempre.
Posso virar seu mundo, faze-lo reviver seus medos, ou manda-los para o inferno, basta você querer e desejar-me, mas tem que desejar ate os ossos.
Não precisa temer, o vento não machuca, apenas transforma, mas é bom que esteja preparado, pois o vento também não volta atrás, não poderá recuperar-se. É inconstantemente louco, sem juízo e depois você não conseguirá viver sem sua força e habilidade, portanto pense bem sobre aquilo que desejar sobre o vento, até porque quem poderá perder o controle é você!
